domingo, julho 11, 2010

Boto não é amuleto

Se a legislação é clara (matar botos é crime e pode levar a até dois anos de detenção) por que a Globo ainda passa um comercial sobre a Amazônia que - em uma das partes finais - fala sobre itens desenvolvidos a partir de partes de boto? Isso não é cultura; é uma vergonha, um retrocesso. Cadê os direitos animais numa hora dessas?

http://odia.terra.com.br/blog/sambaderede/images/janeiro_2010/boto.jpg

O caráter erótico e afetivo do mito do boto guarda estreita relação com temperamento sensual do habitante nativo da região que, inclusive, utiliza as partes do animal para fazer amuletos. O olho de boto, assim como o órgão sexual do boto fêmea, são muito requisitados por curandeiros e feiticeiros, e tidos como matéria-prima de amuletos de incrível eficácia em casos amorosos. Enfim, este ente saído do mundo interior, o mundo que no mito está simbolizando pelas águas dos rios e mares, tem o poder de suplantar a realidade consciente porque faz parte de um mundo mágico e telúrico, que foge à dimensão acanhada do mundo real e no qual ainda é possível viver o sonho e ser feliz. Fonte: Biblioteca Virtual do Amazonas.

Mais:
Às partes do corpo de um boto abatido são atribuídas virtudes mágicas, curativas ou afrodisíacas. O olho, seco e especialmente preparado é usado para seduzir pessoas, homem ou mulher, olhando-se através dele.

Notícia no site da ANDA:
Animais que deveriam ser preservados são alvo de pessoas contratadas para matar. O crime encomendado virou comércio na Amazônia e atravessa fronteiras. O produto de exportação envergonha o Brasil. Um dos pescadores da Amazônia, que prefere não se identificar, diz que deixou a profissão para se tornar matador de botos. “Matamos cerca de 100 ou 200 botos por mês. A matança é muita. Puxamos o animal para dentro da canoa e matamos com facão, cassetete, essas coisas”, diz ele.

Segundo o matador, quem contrata o serviço busca o comércio de órgãos do animal, como olhos e partes reprodutivas. A carne do animal também serve de isca para a pesca da Piracatinga. O peixe, também chamado de urubu d’água por se alimentar da carne de animais mortos, é pouco conhecido na culinária brasileira, mas muito apreciado na Colômbia.

Precisam acabar com os botos para se descobrir a besteira que fazem agora? Uma vida não vale crendices (nem culinária). A necessidade humana de perder, para então valorizar.

Abaixo um vídeo do antigo programa da Luisa Mell para se ver a docilidade do boto. Não levo ela muito a sério, mas pelo menos era uma pequena fonte de divulgação animal em TV aberta.


1 comentários:

Anônimo disse...

Adorei a matéria! Realmente a atrocidade que acontece com essas criaturas na Amazônia é de dar vergonha em qualquer pessoa que tenha um mínimo de bom senso!